quarta-feira, 29 de julho de 2009

Destino Rubro-negro

Destino, tai uma palavra muito usada por todos e que explica muitas coisas da vida de qualquer um. Bom, no dicionário eu destaquei uma definição que descreve muito bem o que foi a vitória do Flamengo sobre o Santos, na Vila Belmiro, em São Paulo. Lá estava escrito assim, destino: fim para que se reserva ou destina alguma coisa. No dia em que o Flamengo era dirigido por Andrade, que foi campeão brasileiro cinco vezes como jogador, sendo quatro pelo time da Gávea, mal sabia a torcida o que o destino reservaria para aquela partida. Naquela noite, Andrade enfrentaria o técnico Vanderlei Luxemburgo, logo ele que em 1976 fez o gol que deu a única vitória Rubro-negra contra o rival, na Vila mais famosa do mundo. O jogo era somente mais um nesta décima quarta rodada deste infindável campeonato, mas acabou ganhando contornos importantes por ser o milésimo jogo do Flamengo em Brasileirões. Nenhum outro clube alcançou ainda esta marca e isso não é pouca coisa. Admito que o jogo foi de baixo nível técnico, com muitos passes errados, mas isso não importava. Naquela noite, o orgulho Rubro-negro batia no peito e exigia a vitória, nada mais. Na cabeça de cada torcedor passava um desejo profundo, chega! Hoje, essa maldição acaba aqui e agora! E acabou. Bem ao estilo da Gávea. Suado e de virada. Adriano fez o primeiro e Bruno Paulo cruzou a bola que resultaria no gol contra que selou a vitória. Dois jogadores formados nas divisões de base do Flamengo, que sabem o que é o clube e o que significava este jogo. Ao final, enquanto Luxemburgo soltava palavrões com seus jogadores, Andrade caminhava com toda elegância que também exibia nos tempos de gramado. E na entrevista, chorando lágrimas sinceras, emocionou a todos dedicando a vitória ao amigo, e ex-goleiro do clube, Zé Carlos. O Zé Grandão, infelizmente, havia morrido vítima de câncer no estômago. Mal sabia Andrade que naquele dia morreria, felizmente, também um tabu de 33 anos. Coincidências vêm e vão, mas quis o destino que a história da partida fosse contada desta forma.

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Com os treinadores que estão disponíveis no mercado, não me surpreenderia se Andrade assumisse de vez como treinador. Acho até que é uma boa opção, pois Andrade está no clube há muito tempo e conhece os jogadores. Facilitaria se Fabio Luciano, que tem muita influência sobre os atletas, assumisse um cargo no departamento de futebol também. Que o elenco gosta do treinador interino, isso todo mundo sabe, só não pode confundir amizade com bagunça. Na Gávea, certas horas Andrade precisará ter pulso firme.

Nem tudo que não reluz é latão

O jornalista Gabriel Dudziak lançou uma matéria no site "Olheiros" e mostra que nem tudo que não reluz é latão. Na matéria, são destacados jogadores que hoje fazem sucesso no futebol e nunca foram destaques nas categorias de base em seus clubes de origem. Isso mostra que a delicada virada de categoria amadora para a profissional prejudica alguns, mas também pode mudar a vida para melhor de outros. Segue abaixo a lista:


Hernanes

O craque do último Campeonato Brasileiro teve uma trajetória bastante difícil no futebol de base. Fruto dos juvenis do Unibol, de Pernambuco, Hernanes veio para São Paulo em 2001, aos 16 anos. Na capital paulista foi reprovado em testes no Corinthians, Palmeiras e Juventus até assinar pelo São Paulo. Com atuações sem destaque pela base tricolor, o meio-campista quase chegou a deixar o clube em 2005, depois que participações discretas em duas edições da Copa São Paulo e um novo teste no Corinthians levaram-no a repensar seu futuro no clube. O São Paulo, no entanto, decidiu segurar o jogador, que foi promovido aos profissionais e então emprestado para o Santo André em 2006. No clube paulista, Hernans atuou de lateral, meia-armador e até de atacante. Voltou ao tricolor em 2007 e, enfim fixado como segundo volante, virou referência na posição, sendo hoje uma das maiores promessas do futebol mundial.

Ibson

Integrante das categorias de base do Flamengo desde os nove anos, Ibson teve boas passagens pelos ranques do rubro-negro, mas não era exatamente um craque. Seu talento como meia armador só foi ser revelado em 2003, quando, aos 20 anos, prestes a estourar o limite de idade dos juniores, teve atuações destacadas pelo clube na conquista da Taça Belo Horizonte. O bom desempenho e as dificuldades financeiras do Flamengo fizeram com que Ibson fosse alçado aos profissionais ainda naquele ano. Sua estreia aconteceu no Campeonato Brasileiro contra o Vasco, quando foi deslocado para a posição de segundo volante. Após ter outras chances na competição, sempre como substituto, ganhou a vaga de titular e não saiu mais. O melhor período em sua primeira passagem pelo clube, no entanto, viria em 2004, quando se tornou um dos ídolos de uma equipe sofrível do Flamengo. Saiu para o Porto, voltou à Gávea e, apesar de ter abandonado a equipe há menos de um mês, já deixa saudades.

Kaká

Quem olha hoje para Kaká e seus inúmeros prêmios e prestígio no mundo do futebol pode até se esquecer que o melhor jogador do mundo de 2007 era banco nos juniores do São Paulo. Mais badalado por conta de seu acidente em uma piscina, quando quase sofreu danos irreversíveis, Cacá, na época com "C" mesmo, não tinha espaço na equipe junior capitaneada por figuras como Harison e Renatinho. Dado quase como carta fora do baralho, Kaká foi então chamado pelo técnico Vadão para a equipe principal, fazendo sua estreia em janeiro de 2001. Seu momento de glória veio dali a alguns meses, com o meia sendo decisivo na conquista do Torneio Rio-São Paulo. Rapidamente alçado à condição de ídolo tricolor, Kaká teve que enfrentar a má fase da equipe paulista nos dois anos seguintes, mas conseguiu superar os desempenhos ruins com atuações memoráveis pelo Milan. Hoje é o principal jogador da seleção brasileira e um dos melhores atletas em atividade no mundo do futebol.

Elano

Depois de três anos treinando futebol de salão na pequena Iracemópolis, interior de São Paulo, Elano começou sua trajetória no campo disputando campeonatos regionais. Suas atuações logo chamaram a atenção do Guarani, que o contratou em 1995 para integrar as categorias de base. No clube de Campinas, no entanto, Elano não brilhou como se esperava. O meio-campista permaneceu sem muito destaque na equipe paulista até 2000, quando, aos 19 anos, foi emprestado para a Internacional de Limeira. No novo time, Elano deu mostras do futebol que o consagraria anos mais tarde, terminando como artilheiro do campeonato paulista junior daquele ano, com 13 gols. A façanha trouxe enfim o interesse de grandes clubes e o meia assinou pelo Santos em 2001. Dali pra frente seu futebol cresceu ano a ano, permitindo que se transformasse rapidamente em dos principais jogadores do Santos, Shaktar Donetsk e, agora, da seleção.

Jean

O talentoso volante Jean iniciou sua carreira futebolística na base do Operário-MS, em 2001. Depois de boas atuações, se transferiu para o São Paulo no ano seguinte, aos 16 anos, onde formou o meio-campo da equipe junior na Copinha de 2004 ao lado de Hernanes. Jean chegou a ser promovido em 2005 para a equipe principal, mas não conseguiu se firmar no elenco campeão da Libertadores e do Mundial. Foi emprestado para o América de Rio Preto no ano seguinte, de onde migrou para o Marília e depois para o Penafiel, de Portugal, também em transações temporárias. No segundo semestre de 2008, o volante voltou ao São Paulo e, após uma improvável escalação, ganhou a confiança de Muricy Ramalho, que o fixou como volante de contenção da equipe hexacampeã brasileira. Considerado por Hernanes como seu "sucessor", Jean é um dos poucos atletas que conseguiu manter a forma no péssimo São Paulo de 2009, sendo titular na maior parte dos jogos desse ano.

Bruno

Pouco badalado nos juniores do Atlético-MG, o goleiro Bruno só foi estrear pelo Galo no Campeonato Brasileiro de 2005, graças a uma improvável associação de fatos. Com 21 anos, Bruno era apenas o terceiro goleiro do clube mineiro, mas conseguiu a titularidade depois que Danrlei foi suspenso e Diego Alves, reserva imediato e que hoje está no Almeria, foi convocado para defender a seleção brasileira sub-20. A chance não passou batida e Bruno fez atuações espetaculares defendendo a meta do clube mineiro. Em 2006 se transferiu para o Corinthians, mas desentendimentos com a diretoria fizeram com que o atleta fosse repassado ao Flamengo. Inicialmente reserva, Bruno se aproveitou da contusão do goleiro Diego para novamente desbancar a concorrência e se estabelecer como titular absoluto e ídolo da torcida flamenguista ainda naquele ano, condição que perdura até hoje.

Taison

De origem muito humilde, Taison venceu a fome e deixou a vida como flanelinha pra trás, no ano de 2003, quando começou a jogar futebol na escolinha do Brasil de Pelotas. No ano seguinte rumou para o Progresso, também do Rio Grande do Sul, onde suas atuações despertaram o interesse de olheiros do Internacional. A princípio seu tipo físico mirrado e franzino não inspirou confiança nos treinadores do Colorado. Contudo, a equipe de Porto Alegre deu o braço a torcer e contratou o garoto em 2006. Na base do Inter, Taison conquistou diversos títulos ao lado de atletas como Ramon, Sidnei e Pato, mas, ao contrário dos companheiros, não conseguiu realizar a transição para o profissional de forma rápida. Praticamente ignorado por Abel Braga, ganhou sua chance apenas no ano passado, seu último como junior, sob o comando do técnico Tite. Ainda em 2008 começou a figurar na equipe titular e hoje é uma das peças-chave do clube gaúcho.

Robinho

O habilidoso atacante começou sua carreira no futebol de salão, em 1993, quando ainda tinha 9 anos. No ano seguinte já disputava partidas de campo e em 1996 entrou para a academia do Santos. Seu crescimento como atleta se intensificou a partir dos 15 anos, mas seu porte físico pouco avantajado lhe causou problemas no início da carreira. Apesar de ter bons desempenhos na base santista, Robinho não conseguiu se firmar na seleção brasileira sub-17, sendo preterido por atletas como Caetano (ex-São Paulo), Anderson (ex-Vasco) e Malzoni (ex-Coritiba). Reserva na Copinha de 2002, Robinho, então com 18 anos, viu suas perspectivas mudarem ainda naquele ano, depois que Celso Roth resolveu apostar mais em seu futebol. Rapidamente consolidado como titular, Robinho mostrou em pouquíssimo tempo o talento e a habilidade que hoje todos conhecem, sendo peça fundamental na primeira conquista santista do Campeonato Brasileiro.

Léo Moura

Jogador chave do Flamengo nos últimos anos, o lateral direito Leonardo Moura começou sua carreira nas categorias de base do Botafogo, atuando inicialmente como meio-campista. O atleta acabou sendo negociado antes mesmo de estrear pelos profissionais do clube, indo para o Germinal Beer, da Bélgica, ainda aos 19 anos, em 1999. Depois de uma passagem discreta pela Europa, que incluiu uma temporada no Den Hag, da Holanda, voltou para o Botafogo em 2001. No clube carioca, Leonardo se tornou lateral, mas não conseguiu se firmar em nenhuma equipe nos anos seguintes. Em 2002 trocou o Botafogo pelo Vasco, e na sequência o clube da Colina pelo Palmeiras, em 2004. O futebol discreto se manteve nas passagens pelo São Paulo, Fluminense e Sporting Braga e Léo só foi atuar a bom nível quando chegou ao Flamengo, em 2005. No rubro-negro se revelou um ótimo apoiador, conseguindo a convocação para a seleção brasileira e a consagração como um dos melhores laterais do País.

Marcos

Diferentemente dos juniores de hoje em dia, que começam muito cedo no futebol, o goleiro Marcos só foi ter o início de sua carreira futebolística aos 18 anos, quando, em abril de 1992, assinou pelo Palmeiras. Inicialmente terceiro goleiro do clube, Marcos fez sua estreia com a camisa alviverde ainda naquele ano, em um amistoso contra a Desportiva. Depois disso o arqueiro continuou esquentando o banco até 1996, quando, já como reserva imediato de Veloso, teve a oportunidade de atuar durante uma partida do Campeonato Paulista. A titularidade e sua consagração na meta do clube, no entanto, só foram acontecer em 1999, depois que assumiu o gol palmeirense e levou o time à conquista de sua primeira Libertadores da América. Daí em diante São Marcos se tornou um dos maiores goleiros e ídolos da história do Verdão e do futebol brasileiro, um futuro imaginado por poucos no início da década de 90.